16 de nov. de 2006

com o tempo, porém, as coisas ficaram mais sóbrias. os sentimentos assumiram novas nuances. ao mesmo tempo que a gente sente próximo, a gente sente longe. a gente nem sabia mais o que sentir, lá pelas tantas. só ia levando. sem notar, assim.
hoje só resta uma lembrança apagada dos velhos dias, aqueles com mais sorrisos, mais lágrimas de felicidade, mais expectativa. dias que traziam conforto e confiança. não que hoje esteja tão ruim, tão longe de ser o que era. tá bem, está mesmo muito longe de ser o que era. a gente sente saudade do que viveu, tanta saudade que é capaz até de esquecer que somos as mesmas pessoas que viveram isso há tanto (ou tão pouco) tempo atrás. o tempo traz estabilidade, sim, mas também traz medos, conhecimento demais sobre o outro, decepção, euforias contidas. maturidade, dizem.
Ou seria imaturidade?
Gostar é gostar muitas vezes, de todas as formas possíveis. É mostrar que você pode gostar de uma pessoa depois que ela assumir a forma original, e não aquela que você imaginava que era a dela. Não encare como calúnia se as qualidades variarem com o passar dos dias, meses, anos. Leva mesmo muito tempo até a gente conhecer tudo aquilo que um dia escolheu pra si julgando ser o melhor. Escolhemos todos os dias, na verdade. Basta saber se o melhor pode mesmo ser o seu melhor pra sempre, independente das surpresas que traga, independente das mudanças que sofra. Porque gostar, desculpe decepcionar os inflexíveis aí, é ceder. Nem muito, nem pouco. O suficiente.
Apenas esse espaço suficiente para que o outro possa abrir os olhos e respirar e para que você possa colocar a cabeça no travesseiro e dormir em paz.
Um espaço maior que 2×2, onde os dois possam sorrir, e só.