28 de mar. de 2007

de repente tudo aquilo que durante tanto tempo pareceu tão importante passou a ser uma futilidade totalmente dispensável e risível. o exato momento em que isso aconteceu, eu não saberia dizer. deve ter sido numa sexta feira qualquer, enquanto esperava um ônibus, para chegar em casa. assim, entre uma ligação que eu esperei e nunca chegou e um presentinho e um abraço de alguem que eu não conheço muito bem; tudo mudou. mas pode também não ter sido. a verdade é que não sei, mas sextas feiras sempre me pareceram o dia mais fosco de todos. as pequenas mentiras que eu me contava para que os dias parecessem bonitos de repente sumiram todas. eu posso dourar a pílula quanto eu quiser. no fim, a verdade vai continuar sendo amarga.

tudo o que saiu da boca dele nessa semana, devia ter saído há anos. não dias, horas. mas anos de atraso, entende? existe perdoável. eu podia ter feito vista grossa e fingido que quando falamos aqueles para-sempres todos era verdade. mas não era. não amo mais, o que é uma grande pena, afinal das contas, ele pareceu estar pronto para continuar planejando nossos planos e seguindo o mesmo rumo que há tanto tempo abandonamos.
engraçado, como “tudo que eu queria” se tornou em “pfffts” no decorrer dos anos. bom, também; bastante bom. se não eu estaria ainda sonhando e me enganando com coisas que eu, na verdade, sabia há muito que seria impossível. é um grande consolo saber que eu vou poder te ver e me sentir bem. vai demorar um tempo, eu sei. mas eu vou. e esse dia eu vou sentir um alívio absurdo. da mesma maneira que isso tudo começou, num dia qualquer, vou sentir o alívio de quando um soluço interminável termina e você não percebe. vou sentir o alívio de quando uma dor de cabeça passa e você esquece que disse que nunca queria sentir tanta dor assim. só um alívio. de saber que eu posso querer outra coisa. e que talvez eu consiga. e se eu não conseguir? bom.. aí eventualmente eu vou acabar não querendo mais. boas ou ruins, é bom saber que as coisas passam.

minha amiga diz que sou fria. imagine, não sou. e amor acaba sim. amor desgasta e perde a graça. aí você me diz: então não era amor. e eu te respondo com convicção: era amor sim. foi amor. um amor lindo, eu diria. mas acabou. o amor acabou. não assim, da noite pro dia, mas acabou. as coisas foram acontecendo… a gente se acostumou e por muito pouco não se detestou. e eu não fui uma falsa, mentirosa e filha da puta por isso. há quem duvide do amor que senti, mas eu amei, e sofri demais quando acabou também. mas relacionamentos se desgastam, isso é fato. pior é empurrar com a barriga, achando que amanhã o amor vai nascer de novo. pior é querer ficar junto só porque você acha que jamais vai encontrar um homem que te ame mais que ele. pior é ficar junto só porque ele chora bonitinho dizendo que te ama quando você diz que não quer mais. pior é ficar por pena e medo de se arrepender. porque, cá pra nós, se você se questiona sobre o amor é porque não ama. então, não tem porque ter medo de se arrepender. vai doer. você vai sentir saudade, como eu ainda sinto. e em certos momentos vai até pensar que fez a escolha errada. mas vai passar, como tudo passa. você vai descobrir que o amor pode acontecer mais vezes em uma vida. de diferentes formas, é claro. e quando encontrar a pessoa certa, vai ver que todos aqueles amores passados foram apenas pontes que serviram pra te encaminhar pro teu verdadeiro lugar.