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.tomo cuidado para não pensar demais. faz mal às palavras.
13 de jun. de 2012
26 de set. de 2011
25 de jan. de 2011
Meia hora de atraso do meu voô, meia hora a mais de lagrimas, ansiedade e nervosismo. Uma hora nas nuvens e -Oi São Paulo, acho que tô perdida?!
Uma hora e meia de ônibus, sendo apresentada sedutoramente a cidade da garoa. Ele com um olhar lindo, uma voz deliciosa falando baixinho perto do meu ouvido, toda vez que se inclinava apontando algum lugar lá fora.
Chegamos em Campinas e eu não pude evitar pedir um lugar ao lado dele, mas não deu. Tomamos um café, trocamos nomes e histórias, olhares e sorrisos, um beijinho daqueles de cantinho na boca e um abraço caloroso pra dizer tchau, apesar de dividir o mesmo voô.
Dez horas no avião querendo que ele viesse até mim. Mas tive boa cia no avião também. Uma geologa com carinha de adolescente indo visitar o marido fora do país. Eu quis ir visitar uma pessoa também, cheguei a sonhar nos minutos que deu pra dormir.
O nascer do sol visto do céu é lindo, tudo de lá de cima é lindo. Cruzeiros, ilhas a sombra das nuvens no oceano..tudo.
Dez horas depois, eu lá perdida no aeroporto atrás das minhas malas até ouvir um -Precisa de ajuda? que me deu um frio na barriga ainda maior do que quando o avião decola. Ele lá todo charmoso e agasalhado com um café na mão. Ficou comigo até nossas malas aparecerem, segurou meu rosto com as duas mãos, me de um beijo na ponta do nariz e um demorado na bochecha enquanto suas mãos desceram pelos meus braços até segurarem as minhas. Eu queria ele ali por horas daquele jeito. Meu deu outro daquele abraço forte dele, dizendo que queria me levar pra Madri com ele..eu quis dizer -Me leva, eu vou sim! mas me contive a um sorriso e um beijo, na ponta dos pés, no nariz dele também e outro abraço pendurada nos ombros dele. Fiquei ali até ele sumir lá adiante na multidão, olhando pra trás a cada passo.
Professor de geografia na USP a noite, negocio próprio colocando telas de proteção em janelas e quadras durante o dia, sedutor, viajante ( de conhecer meio mundo mesmo) e eu ali, deixando ele ir emboa, boba (ou escapando de ser sequestrada e prostituida, vai saber).
Só sei que me senti num romance de filme.
E porque ele me disse que eu caio sempre e sempre no mesmo assunto. Mas que diabos, por que nada que escrevo que não seja sobre você não me soa verdadeiro? Eu não ligo, viu. Seja feliz. Com ela, sem ela. Você quem decide. Eu só quero aprender a escrever sobre outra coisa que não seja você. Hoje eu vim pra dizer, de novo, que a vida tá boa, é sério. E mesmo que eu fique repetindo e repetindo tudo isso, toda hora, é verdade. Porque você nunca lê nada, não me interessa você saber de nada. Mas eu fico feliz, por estar feliz sem você. Tanta, tanta coisa aconteceu que eu realmente nem acredito nessa felicidade. Tá tudo fácil demais. Chega ser estranho.
7 de dez. de 2010
16 de set. de 2010
Marina Colasanti
Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.
(1972)
27 de jul. de 2010
Gostaria de abraçá-lo. É, de abraçá-lo tão somente. Claro que também desejava todas as outras coisas, mas na urgência de um mundo no fim, gostaria de abraçá-lo bem forte, sentir seu corpo, respirá-lo, passar a mão por seus cabelos e não dizer uma só palavra – medo enorme de dizer bobagem.
E então esqueceria todos os outros afazeres de antes do fim. Nada mesmo estava parecendo tão importante quanto guardar para uma suposta eternidade aquele abraço bem dado.
Ah! a porta. Precisava abrir a porta.
Sacudiu a cabeça como quem desfaz uma nuvem de pensamentos se formando sobre ela. Um abraço pra sempre, pensou. Mas apesar da insistência do cretino vento quente, não parecia que o mundo terminaria em breve. Será?
Girou a chave, entrou. E se foi o vento. Mas ficaram as idéias sobre o que queria fazer. E se terminasse agora, ela ali, no elevador, sem poder fazer nada? Aquilo pareceu terrível! Um andar. Mais outro. Mais outro. Em casa, ótimo!
E embora abraços não fossem possíveis dali, sentiu-se mais segura em relação ao fim. Poderia ligar pra ele, não poderia? Mas as palavras faladas… tinha tanto medo delas! Era tão ruim com elas, tão atrapalhada, tão com medo de parecer ridícula demais, empolgada demais, contente demais, menina demais…
6 de jun. de 2010
Eu? eu estou ótima, obrigada!
O que aconteceu que eu nunca mais escrevi? Aconteceu vida demais. dor, mudanças, perdas, pessoas, orgulho. Aconteceu que eu perdi meus valores, a minha essência.
Mas hoje eu voltei, hoje foi um dia bem importante pra mim. Porque pela primeira vez eu vi ele saindo pela porta e meu coração continuou calmo. Ao inves de planejar meu dia, de ocupar minha cabeça pra não pensar nele, eu voltei pra cama, ainda quente, e dormi mais, até meu corpo começar a reclamar. Acordei e quis ficar de pijama, pra ter o gostinho de sabado preguiçoso de inverno. O dia foi calmo: não tive vontade de fazer unha/cabelo/depilação, não fiquei fuçando o Orkut, e perdendo tempo na frente do computador.
Hoje eu resgatei a calmaria da minha alma. não sofri, não me preocupei, não procurei, não me desesperei, não chorei, nem senti falta.
Sabe o gostinho bom da nostalgia? de quando a nossa unica preocupação era -Não quero acordar cedo pra ir pro colégio nesse frio..! - é! nostalgia daqueles dias em que eu chegava do colegio, almoçava, me enrolava no mesmo cobertor azul de vinte anos (que a propósito, estou enrolada agora) e ia pro pc, ouvir música boa, conversar com aqueles melhores amigos de longe, bloggar, porque nessa epoca nem fotolog existia. Alguém lembra do Blig? Existe ainda? Eu sabia até mexer com html, templates. era aí que eu perdia minhas tardes.
Meu sabado não foi nada demais, mas o gostinho de PAZ que eu não tinha há muito. me fez sentir muito bem.
Queria isso sempre, dias frios, Interpol, leite com nescau e pão caseiro com margarina prensado, um amigo pra dar umas risadas, filme, fandangos, coca, cobertor, bolo de laranja, romance pra eu dormir melhor. -já que hoje não tenho ele pra me abraçar e falar baixinho no meu ouvido até eu dormir.-
Essa deve ser a dose certa de tudo na minha vida, pra eu me manter em equilibrio. É verdade que eu sou bem melhor/inteligente/controlada solteira, mas é mais verdadeiro ainda o fato de eu ser totalmente dependente do amor. então, assim tá bom, porque sei que amanhã ja to dormindo de conchinha de novo, e pelo resto da semana também. Porisso eu ainda tô acordada, porque hoje a noite é minha, e só minha! Pra ficar sem roupas (sem ter a intenção de transar)debaixo de edredon e corbertor, pra ouvir as melhores musicas do mundo, pra falar do que eu quiser com quem eu quiser, pra matar saudade de pessoas, pra cantar em voz alta enquanto visito sites inteligentes internet adentro, pra sonhar, refletir, pra seu eu mesma denovo.
Mas sei que se isso tudo durar demais, já vou sentir falta de alguem me acariciando ou reclamando de como eu esquento o cobertor, esticando o pescoço pra ler mnhas conversas, ou trocando de musica toda vez que eu me distraio.
Tomara que continue assim, que dure tempo o suficiente pra eu me sentir completa de novo, e que acabe antes que eu perceba que o amor acima de todas as coisas também me faz uma puta falta.
E que eu escreva mais, porque é uma coisa que relaxa a gente, sabe?
Beijos, Blog. and be sweet :)