30 de nov. de 2007

Olho fotos, conversas, mensagens, escuto músicas que me façam sentir algo fora dessa letargia, minha grande bolha de sentimentos que vazou, suspendeu tanto fora e além que disparou sem um adeus. Agora me preparo para a cerimônia, o fim, e já nem sei o que preciso sentir. Mais uma vez dentro do vazio escuro e denso em mim. A única vontade identificável dentre todas as submersas, a primeira e a última, é uma mancha que sobe e agoniza as entranhas, um horror sobre alguma coisa maior que eu e que arranha todos os meus vasos e sentidos. Sou dominada por essa força estranha e choro. Choro porque é a única saída. Porque o fato pressuposto aconteceu e não há lugar para conforto, para retornar, para esquecer, porque a verdade é tão desmascarada e crua, tão sem dó das coisas sentidas dentro de nós, que quando acontece algo assim ninguém mais nota, já é banal e seco, e todo mundo passou ou passará por isso um dia – a questão é viver. Viver é aguentar o peso crescente em cima das costas e continuar no caminho, na estrada desconhecida e sem fim do mundo, deparando-se com o pior – às vezes o melhor também – de todos, compreender-se (ao menos tentar), e quando a dor for imensa e não conseguir mais enxergar o caminho entre os apertos e o chão estiver arenoso e quente, chorar. Porque não há escolha. Nem refúgio.